o vento persistente despiu as cerejeiras
pétala a pétala em valsa dançante
fazendo do chão céu
de repouso delicado.
E a primavera menina
ensaiou os primeiros passos
incertos nas roseiras
trepadoras de muros
invasoras de janelas.
Mas a passagem do tempo
quase não se vê, só na pele
nas rugas em volta dos olhos
que se fecham ao sol nascente
sorrindo.
E o tempo escava abrigos
nos espaços vagos entre as raízes
e as asas em voo no jardim.
Num tempo não distante
um sopro era tudo,
resposta a todas as perguntas
certeza em todas as dúvidas
a beleza que nos tirava o folgo.
agora é ar, vento
aquilo que nos agita o peito
porque a vida parte
sem que se dê quase por ela
só uma luz, cristalina
que se dilata e liberta da pupila.
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