Se te preocupa o que pensam do que escreves
não escrevas.
O que tiver de ser escrito virá a ti
e te tomará de impulso
incontrolável e límpido
ou caótico e dissonante. Em fragmentos
que depois caberá a ti ordenar.
Se gritar, melhor
se sussurrar, será divino
mas nunca te pertencerá.
Se tiveres de reescrever, emendar
rever, revisar, repensar, (mil vezes)
não escrevas.
A poesia tem milhares de portas onde bater
e muitos dispostos a
aninhá-la
se não te fizer sentir, sofrer ou delirar
de puro querer, mesmo que em vão,
não escrevas.
Podes escrever para outro alguém
se for origem, inspiração
e então será presente perfeito.
Não escrevas se for só por outro alguém
e não por ti. A escrita é acto solitário
que se partilha depois de completo
em dádiva generosa e unilateral.
Nunca será tua, mas se chega a ti,
se te escolheu que seja para a partilhares.
Não escrevas se não for de coração
do fundo do ser em arrepio
tomando o corpo.
A escrita não é razão, é emoção.
Não busques as palavras,
se tiver de ser, elas virão a ti
mesmo no lugar mais frio,
no escuro mais denso, elas virão
semeando a tempestade criadora
portadora da luz e de um universo
infinito de caminhos
infinito de caminhos
que caberá a ti trilhar
e fazer deles horizonte.
e perante tudo isto, e por tudo isto
escreve.
e perante tudo isto, e por tudo isto
escreve.
2 comentários:
Escreve.
Igualmente :)
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