quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

nada mais que céu azul

Caminhar à chuva, horas,
até a roupa colar ao corpo
lavar as pinturas de guerra marcadas na pele.

Nas ruas laranjeiras vestidas de chuva,
carregadas de fruta.
Para que dá fruto a árvore se não é para colher?
a árvore não conhece a cidade só a terra onde é raiz
e dará sempre fruto sem pensar
se haverá mãos para colher laranjas.
está-lhe no ventre a função, na semente a dádiva,
presente abnegado. vida.

Mãos nos bolsos
e uma montanha feita de nuvens mesmo em frente
o silêncio sela os lábios
mas as palavras resistem vivas no peito
abrindo janelas na alma 
e uma réstia de céu azul ainda longe
surge aos olhos quase ao alcance da mão.

Que importa a direcção ou destino
somar passos à distância
na calçada molhada sempre a subir
caminho.


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