Existe uma certa serenidade que uma estrada, aberta ao alentejo, traz que pacifica a inquietação. Que mesmo sendo estranha ao corpo, sempre em sobressalto, nos invade e faz morada em nós enquanto o caminho dure.
Naquele limbo, entre a partida e o destino, é onde a liberdade mais se respira. Ainda que a viagem seja breve e o destino seja trabalho, que te fará regressar com os olhos recolhendo às órbitas lívidas e com o sol do sul marcado nas maçãs do rosto, febris ao toque.
Aquela estrada, de ida e regresso, cortando o dourado da paisagem ondulante na tarde mansa, e nem um carro, sara momentaneamente o moído corpo e só não adormeces para não deixar que os olhos percam o azul do céu e o horizonte.
Um egoísmo momentâneo que não fere ninguém, se não a ti, fecha-te a mente às conversas que já não ouves ou ouves mas já não importam e és companhia silenciosa na tarde que cai.
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