sexta-feira, 24 de maio de 2013

o grito

ciente de que nunca seria escutado,
o grito, tornou-se segredo, sussurro
irreal e ténue na manhã imerso.

Na foz, feita quase mar, a ondulação,
correntes cada vez mais submersas
encontro de vozes, vagas, que se repetem
em sonhos. Memórias que se diluem
como a pequena luz, ainda acesa
em lampião dependurado,
que se matiza no azul do céu quase desperto.

O grito, esse, deixou-se ir, com a noite.
fez-se riso pela manhã e povoou o dia inteiro.
Mas logo as trevas, sombras, do fim da tarde
dissolvem a luz e o sono toma o corpo, resistindo.

Vem tomando o vão destino de sonhar o eterno inverno
mesmo quando é pleno verão.

Sem comentários:

Enviar um comentário