quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

camas de cartão em terreiro

o tempo é agora
de mortalhas,
vidas de tabaco,
já fumado, cigarro
lançado ao chão
que outros pés pisam.

e a cidade morre devagar
naquelas mãos feridas de frio
de medo mofo vivo
de ainda haver amanhã e depois.
já não é natal
as luzes apagam-se
como se apagam os sorrisos
breves da caridadezinha
de estimação festiva e sazonal
de sopa quente e vapores de amor
fétido, falso e breve
de fachada iluminada em terreiro
agora plano e despojado
tão caduco como as árvores
despidas em pleno inverno.
e as arcadas abrigam
casas, camas e corpos
mendigos e pobres
de esmolas estendidas
em mãos de fome
e sem abrigo.

e está tanto frio. volto à cidade e já a choro ... 

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