terça-feira, 23 de setembro de 2014

da tempestade

a chuva para-me o pensamento
e nada o habita enquanto chove
só a apatia, o esquecimento e
um enroscar de corpo e mente,
enovelados, de onde nada se avista
e demora-se assim por um momento.

Mergulha na tempestade fria
que se desenha enchente
nas ruas que a água explora
galga em galope, correndo, rios
regressando ao que já foi seu.

E a cidade é um estuário
onde os homens nada mais são
do que cardumes assustados
na margem de luzes, caminho
que viu nascer na noite
relâmpago, trovão em desalinho.

Mas nem o dilúvio cessa a sede
da prosa ou poesia
e o caos é verdade aos lábios
sono ao corpo
palavra à escrita
ainda antes das mãos
os olhos
e a alma sobe à boca.

Sem comentários:

Enviar um comentário