a chuva para-me o pensamento
e nada o habita enquanto chove
só a apatia, o esquecimento e
um enroscar de corpo e mente,
enovelados, de onde nada se avista
e demora-se assim por um momento.
Mergulha na tempestade fria
que se desenha enchente
nas ruas que a água explora
galga em galope, correndo, rios
regressando ao que já foi seu.
E a cidade é um estuário
onde os homens nada mais são
do que cardumes assustados
na margem de luzes, caminho
que viu nascer na noite
relâmpago, trovão em desalinho.
Mas nem o dilúvio cessa a sede
da prosa ou poesia
e o caos é verdade aos lábios
sono ao corpo
palavra à escrita
ainda antes das mãos
os olhos
e a alma sobe à boca.
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