A poesia escreve-se a si própria, surpreendentemente, em cada
manhã de chuva. Pérolas que se quebram no chão de laje e uma nuvem cinza em
puro alívio abrindo de par em par a alma, o céu azul.
E os rostos fechados, os olhos no chão e os chapéus-de-chuva
desfeitos ao vento correm abrigando-se em vãos de escada onde a noite adormeceu
já cedo. Os olhos contam pedras de calçada e não veem que para além de chão há
sempre céu.
E é este toldar de céu, véu, que me estremece, onde se pode contar
nuvens, e em que cada chuvada é um voltar de sol. Não esquecer que entre as pedras da calçada também nascem flores.
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